sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Se as borboletas falassem...


Se as borboletas falassem, falariam sobre um mundo turvo e falível e zombariam de nós com uma ironia encantadora.


Se as borboletas falassem, mostrariam a importância dos olhares sinceros, da lua e do sol sob a pele e de tudo que podemos dizer, fazer e sentir em breves momentos.


Se as borboletas falassem, ensinavam-nos a repassar com mais frequência e real gosto os nossos ensinamentos sobre o que realmente nos faz feliz em pequenas coisas, mostrando os nossos gostos e multiplicando boas atitudes, como o pólen que espalham por aí. Mostraríamos sempre o que nos agrada noutra pessoa e o que há de lindo e colorido na sua personalidade e na natureza; sabendo exactamente o que diferenciar.


Se as borboletas falassem, ensinavam-nos a ser leves de espírito: a não guardar rancor e só dizer a verdade[a verdade que não deve ser ocultada, não a verdade dispensável...essa pode falhar de vez em quando], exactamente como vemos e somos; como se os nossos pensamentos reflectissem as nossas cores e todos pudessem vê-las e, assim, todos entenderiame ninguém poderia julgar-nos e julgar o que também sentem e pensam…


Se as borboletas falassem, contariam de quando, uma vez lagartas rastejantes, esperam incessantemente a difícil condição de entrar no casulo e sentir a dor da evolução [mas é uma dor positiva, benéfica] se não, não voariam e mostrariam como são importantes e têm em seu poder a liberdade, em todos os sentidos.


Se as borboletas falassem, mostrariam a beleza de cada canto mínimo: os pequenos detalhes pessoais de cada um,traços e actos, sempre diferentes uns dos outros e veriam a diferença que o encanto traz a cada uma destas pequenas cenas, aqueles que os grandes olhos preocupados com “grandes coisas” não vêm... Contariam o quão belo é cada momento real: da brisa ao brilho dos olhos, ao esboço de um sorriso, ao sol encantador, á paz de cada noite, ao bater das asas, ás cores mínimas de cada bocadinho delas e de cada fio de cabelo e vestígio de olhos vistos a 1centímetro de ti mesmo.


Se as borboletas falassem, não viveriam mais de um dia.


Por isso nem as rosas, nem as borboletas falam. Pelo menos não a vossa língua....

1 comentário:

Bruno Carvalho disse...

E mesmo que as borboletas falassem, não conseguiriam fazer a diferença. Não seriam mais do que apenas objectos frágeis nas mãos duras dos humanos.